No início do século XX, a literatura brasileira passou por uma fase de transição, em que confluem elementos do Parnasianismo, do Simbolismo e do Impressionismo, herdeiro do Realismo. Escritores como Coelho Neto, Afrânio Peixoto, Adelino de Magalhães e Machado de Assis (última fase) não escaparam ao dualismo da época: De um lado os laços com o Realismo e o Naturalismoe do outro impregnações intimistas e esteticistas.
Por outro lado, surgiram na época tendências que anteciparam alguns dos programas defendidos posteriormente pelos modernistas de 1922. Denomina-se pré-modernista tudo que nas primeiras décadas do século revelaram novo enfoque da nossa realidade cultural.
Nesse sentido, pode-se considerar pré-modernista a prosa regionalista:
Euclides da Cunha
BIOGRAFIA:
Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha nasceu em Cantagalo (RJ), no dia 20 de janeiro de 1866. Foi escritor, professor, sociólogo, repórter jornalístico e engenheiro, tendo se tornado famoso internacionalmente por sua obra-prima, Os Sertões. Morreu no dia 15 de agosto de 1909, depois de uma troca de tiros com o aspirante Dinorá e seu irmão, o cadete Dilermando de Assis. Em 1916, o segundo-tenente Dilermando de Assis, que havia sido absolvido da morte do biografado (legítima defesa), matou em um cartório de órfãos no centro do Rio o aspirante naval Euclides da Cunha Filho, o Quidinho, que tentou vingar a morte do pai. Dilermando foi novamente absolvido pelo mesmo veredito.
PRINCIPAIS OBRAS:
- Os Sertões (1902) - Retrata a Guerra dos Canudos, sendo publicado nos seguintes idiomas: alemão, chinês, francês, inglês, dinamarquês, espanhol, holandês, italiano e sueco.
- Contrastes e Confrontos (1907) - Pode-se dizer que é uma obra científica e uma obra de arte. Trata-se de uma obra única na história das letras brasileiras.
- À Margem da História (1909) - Publicação póstuma, reúne os artigos de Euclides sobre a Amazônia antes e após sua viagem à região. Os ensaios amazônicos reforçam a tese de uma formação histórica marcada por contrastes e antagonismos. O dever da ciência e dos intelectuais era, para Euclides da Cunha, promover o encontro entre Estado e nação.
Monteiro Lobato
BIOGRAFIA:
José Bento Monteiro Lobato foi contista, ensaísta e tradutor. Este grande nome da literatura brasileira nasceu na cidade de Taubaté, interior de São Paulo, no ano de 1882. Formado em Direito, atuou como promotor público até se tornar fazendeiro, após receber herança deixada pelo avô. Diante de um novo estilo de vida, Lobato passou a publicar seus primeiros contos em jornais e revistas, sendo que, posteriormente, reuniu uma série deles em Urupês, obra prima deste famoso escritor. Em uma época em que os livros brasileiros eram editados em Paris ou Lisboa, Monteiro Lobato tornou-se também editor, passando a editar livros também no Brasil. Com isso, ele implantou uma série de renovações nos livros didáticos e infantis. Este notável escritor é bastante conhecido entre as crianças, pois se dedicou a um estilo de escrita com linguagem simples onde realidade e fantasia estão lado a lado. Pode-se dizer que ele foi o precursor da literatura infantil no Brasil.
Em 5 de julho de 1948, perdeu-se esse grande homem, vítima de colapso, na Capital de São Paulo.
PRINCIPAIS OBRAS:
- Urupês (1918) - Aborda a decadência da agricultura no Vale do Paraíba, após o “ciclo” do café.
- Idéias de Jeca Tatu (1919) - História de Vilela, Camilo e Rita envolvidos em um triângulo amoroso.
- A Menina do Narizinho Arrebitado (1920) - Tem como personagens principais Emília e Narizinho em mais uma de suas histórias inéditas.
- O Pica-Pau Amarelo (1939) - Aborda a Turma do Sítio (Emília, Narizinho, Pedrinho, Marquês de Rabicó, Conselheiro, Quindim, Visconde de Sabugosa, Dona Benta, Tia Nastácia, Tio Barnabé, Cuca, Saci, etc) vivendo situações e aventuras que mexem com a imaginação da criançada.
Lima Barreto
BIOGRAFIA:
Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu no Rio de Janeiro em 13 de maio de 1881. Filho de um tipógrafo da Imprensa Nacional e de uma professora pública, era mestiço de nascença e foi iniciado nos estudos pela própria mãe, que perdeu aos 7 anos de idade. O vício da bebida começou a manifestar-se nele, porém não o impediu de continuar a sua colaboração na imprensa, iniciando em 1914 uma série de crônicas diárias no Correio da Noite. Candidatou-se à vaga na Academia Brasileira de Letras, mas seu pedido de inscrição não foi sequer considerado. De dezembro de 1919 a janeiro de 1920 foi internado no hospício, devido à forte crise nervosa, resultando a experiência nas anotações dos primeiros capítulos da obra O Cemitério dos Vivos. Morreu em 1° de novembro de 1922, na cidade natal.
PRINCIPAIS OBRAS:
- Recordações do Escrivão Isaías Caminha (romance – 1909)
- Triste Fim de Policarpo Quaresma (romance – 1911)
- Numa e Ninfa (romance – 1915)
- Morte e M. J. Gonzaga de Sá (romance – 1919)
- Os Bruzundangas (crônica – 1923)
- Clara dos Anjos (romance – 1924)
- Histórias e Sonhos (contos – 1956)
- Diário Íntimo (memórias – 1956)
- Cemitério dos Vivos (memórias – 1956)
Augusto dos Anjos
BIOGRAFIA:
Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu no engenho "Pau d'Arco", em Paraíba do Norte, em 20 de abril de 1884. Em 1907, bacharelou-se em Letras, na Faculdade do Recife, e, três anos depois, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde exerceu durante algum tempo o magistério. Do Rio, transferiu-se para Leopoldina, por ter sido nomeado para o cargo de diretor de um grupo escolar. Morreu nessa cidade, em 12 de novembro de 1914, com pouco mais de trinta anos.
PRINCIPAIS OBRAS:
- Saudade (poema - 1900) - Mostra que tanto os atos bons quanto os ruins do passado de alguém são necessários para completar o indivíduo.
- Eu e Outras Poesias (único livro de poemas - 1912) - Articula o trinômio como reflexo de um momento histórico marcado por um sentimento de perda, um mal-estar disseminado entre os intelectuais, uma angústia diante da falência da Civilização Ocidental e dos ideais do Progresso.
- Psicologia de um Vencido (soneto) - Com o uso de palavras rebuscadas e repleto de simbolismo, este soneto aborda o pessimismo marcante e retrata a tragédia da morte com naturalidade.
- Versos íntimos - Como todos os outros poemas e sonetos de Anjos, este também aborda a morte e o próprio "eu" o centro do seu pensamento.