9 de abril de 2010

Novas Tendências

A partir de 1950, surgem tentativas diferentes na poesia brasileira, dentre as quais se destaca o Movimento Concretista.
Dando por encerrado o ciclo histórico do verso como unidade rítmico-formal, a poesia concreta começa por tomar consciência do espaço gráfico como agente estrutural. Adota-se um processo analógico de construção em lugar do discursivo linear. As palavras tornam-se objetos "verbivocovisuais" que participam das vantagens da comunicação não verbal, sem abdicar das virtualidades semânticas.
Veja-se, como exemplo, o poema de José Paulo Paes, "Epitáfio para um Banqueiro" em que se secciona a palavra negócio para sugerir ironicamente a essência de um banqueiro que afinal se identifica com o nada, o zero:

Epitáfio para um Banqueiro

negocio
  ego
      ocio
        cio
          o

Grande parte da contribuição dos concretistas para a poesia contemporânea relaciona-se com a reflexão sobre "o fazer poético", a qual colocou em evidência alguns conceitos fundamentais:
  • O conceito da obra aberta: Uma obra de arte é uma estrutura que apresenta múltiplas possibilidades de interpretação, solicitando a participação criativa do intérprete que atualiza uma ou algumas de suas potencialidades significativas;
  • A palavra-objeto: No poema, cada palavra e todo o conjunto é tomado como um ideograma que representa tudo aquilo que significa;
  • A noção da taxa de informação: Um texto literário é analisado em função do jogo entre previsibilidade e imprevisibilidade; quanto maior a imprevisibilidade das combinações, maior a taxa de informação;
  • O conceito de colagem: O texto é produzido como montagem de fragmentos deslocados de seu contexto de origem; da justaposição dos elementos de naturezas distintas surge uma nova estrutura cujo sentido é diferente do sentido das unidades que a compõem.

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